Uma cidade chamada Solidão!

                                                              

                Eu tenho uma cidade dentro de mim. Eu tenho um universo inexplorado batendo em meu peito. Eu tenho medo do não, mas nunca conheci o som do “Sim”. Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade à beira do caos, uma cidade à beira de uma guerra civil. Onde já se viu? Eu tenho uma babilônia contemporânea nas minhas entranhas. Sinto-me estranha, sinto-me um ser só. Uma cidade vazia de ordem! 

                 Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade sem saneamento básico, uma cidade sem a básica estrutura para se morar. Tenho dentro de meu peito, um centro urbano caótico, sem placas de sinalização, sem placas indicando a salvação. Eu tenho dentro de mim. Uma cidade com condomínios super luxuosos, uma cidade com uma imensa periferia com vielas perigosíssimas! Eu me sinto perigosíssima! Eu me sinto um paradoxo!

                 Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade sem rodoviária ou estação de trem. Uma cidade que não está pronta para receber ninguém! Uma cidade que fechou seus portos e aeroportos. Eu tenho no meu olhar, um céu fechado para vôos. Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade que há muito tempo não recebe turistas. Uma cidade sem fevereiro, uma cidade sem carnaval.

                 Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade com prédios que se recusam a olhar para o céu. Uma cidade com casas cercadas por grades. Tenho no lugar de veias; vias! Com carros transitando na contramão, carros que não respeitam a sinalização, carros circulando a 100 km/Hora. Eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade que não conhece o verão, eu tenho uma cidade dentro de mim. Uma cidade chamada Solidão!