quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Desfile do bloco da saudade

André Mantena
                                                      

   O quadrado parabólico devidamente acomodado na sala de estar da minha casa anunciava que oficialmente o carnaval de Salvador, começava hoje, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012. No meu peito, o desfile do bloco da saudade já havia começado. Na avenida principal das minhas recordações, eu seguia o tambor do Olodum, pedindo: avisa lá que só me acordem desse sonho mais tarde!  
                Uma gostosa sensação me tomou, quando avistei vindo lá de longe, pertinho do Farol da Barra, o Arrastão da Timbalada! Galera, aquilo era Massa! Não tinha nada no carnaval baiano que me emocionasse mais do que ver Carlinhos Brow e sua tribo tocando timbau. A reportagem continuava rolando na minha TV e dava para ver, a cascata de minhas recordações inundarem minha pequena sala de estar.
              No circuito da folia de minha saudade, Bell e o Chiclete traduziam em um curto mais significativo refrão, tudo o que eu queria dizer para minha querida Bahia: Sou 100% você. Aquele arerê de gente bonita, filhos da terra, turistas nacionais e internacionais: o sol se encarregou de deixar todo mundo igual. De repente, lembrei da ginga Afro-baiana de um grande amigo, Ed Machado, com o seu corpo abençoado pelos deuses da dança. Ele encantava a mãe natureza. Uma rara manifestação de pura beleza.
           A matéria estava encerrando quando, o eterno bloco da minha adolescência deu o ar da graça naquele quadrado parabólico. Sem entender, passei a me ver rodeado dos fieis amigos daquela época: Junior Brazuca, Vinicius, Josias, Pedro Neto, Paulo Machado, Bira Bell e outros que fizeram do carnaval, um vento que ficou tatuado no lado esquerdo do meu peito. Quando dei por mim, a matéria havia acabado, e eu estava sentado no sofá da minha sala, em pleno desfile do bloco da saudade.         

Nenhum comentário: