sábado, 28 de novembro de 2015

Eu tenho fé na vida que eu ainda não vivi (para a leitora, Solange Santos).

Na foto: leitora e amiga, Solange Santos.


            Eu tenho fé na vida, na vida que eu vivi e também na vida que eu ainda não vivi. Eu sou vida e a vida nunca me negou passagem, a vida sempre me fez viver e conhecer paisagens. Eu tenho fé na vida, na vida que se personificou na figura do meu Deus. Na figura do meu Deus vivo.
        Eu tenho fé na vida de sorrisos e de lágrimas que povoaram meu coração, tenho fé na mão que se estende em prol de outra mão. Eu tenho fé na vida que eu ainda não vivi, tenho fé na vida que me estendeu os braços quando eu nasci. Fé nos paralelepípedos e ferrovias da minha infância, eu tenho fé no horizonte que nunca deixou de namorar minhas retinas, fé nos meus inocentes sonhos de menina.
            Eu tenho fé na vida que eu vivi, tenho fé nos desígnios de Deus na minha vida, fé na estrada que está diante dos meus olhos agora. Eu tenho fé na vida, na vida que eu ainda não vivi e na vida de outrora.




André Mantena,

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Eu perdi o trem...

Na foto: leitor e colaborador, Higor Luan.


             Eu perdi o trem e não vi o sol se pôr, eu perdi o trem e não falei “eu te amo, amor”. Bem da verdade, acho que eu não amei por medo de me machucar. O fato é que eu perdi o trem e hoje estou aqui a ver navios. Eu perdi o trem e não dancei aquela dança, não cultivei a esperança dentro do meu peito, eu fiz muita coisa errada tentando fazer direito. O fato é que eu perdi muito tempo tentando ganhar tempo e acabei perdendo o trem.
             Eu perdi o trem e não vi o sol se pôr, eu perdi o trem e não fiz aquela tão sonhada viagem, perdi e dei passagem para a oportunidade passar por mim. A verdade é que fiquei traçando planos e metas e não vi que a seta da inércia só apontava para mim. Eu perdi o trem e não fui àquela festa, não usei a frase certa que aquele certo alguém tanto queria escutar. O fato é que eu perdi o trem chamado vida e hoje aguardo a minha hora chegar. Eu, aqui neste solitário terminal desta estação das coisas que eu não vivi.

           

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Eu tirei uma selfie...(texto baseado em Selfies reais)

Na foto: leitora e colaboradora, Nayara Vieira.


             Eu tirei uma selfie e atualizei o meu perfil, eu tirei uma selfie e todo mundo curtiu. Tirei uma selfie, mas ela não captou o que minha alma realmente refletia. Eu tirei uma selfie, mas ela não capitou a verdadeira essência daquele momento, ela não capitou a tristeza dos meus pensamentos. Para tirar essa selfie, eu precisei mascarar meu sorriso, calar a minha alma, pôr a melhor roupa e fazer cara de paisagem. Eu tirei uma selfie, mas ela não retratou a minha verdade.
            Eu tirei uma selfie e atualizei o meu perfil, eu tirei uma selfie e todo mundo curtiu. Tirei uma selfie, mas ela não captou o deserto que habitava o meu coração, ela não captou que naquele momento, eu tentava juntar os cacos após uma grade decepção. Eu tirei uma selfie e pintei de feliz aquela pessoa na fotografia, eu tirei uma selfie com um sorriso alegre, mas sem alegria.
            Eu tirei uma selfie e atualizei o meu perfil, eu tirei uma selfie e todo mundo curtiu. Tirei uma selfie, como qualquer selfie de qualquer outra pessoa. Uma selfie que retratou o lugar, as coisas à minha volta, a minha roupa nova, o meu novo celular, a viagem para aquele sonhado lugar. Eu tirei uma selfie, como qualquer selfie que qualquer outra pessoa também de si mesma tirou. Eu tirei uma selfie que retratava tudo, menos o meu verdadeiro interior.


sábado, 7 de novembro de 2015

A onda e mar de Mariana. (para a minha conselheira, Mariana)

Na foto: leitora e colaboradora, Mariana Fonte.



           A minha onda é ser uma figura sempre na minha, uma figura discreta e sem muitos alardes. Sei que sou motivo de festa para poucas retinas, mas o brilho do meu olhar jamais o anonimato irá apagar. Talvez, nem todo vestido me caia bem, mas já ouvi de um antigo bem, que eu sou como aquela nota perfeita que cai bem em qualquer canção.
          A minha onda é ser uma figura sempre na minha, uma figura que conhece os limites entre a fronteira do sensual e o vulgar, da paixão e do amar, sou uma figura que conhece a diferença entre amor e sexo. Talvez, talvez eu seja apenas uma figura que simplesmente saiba conversar com o mar. O mar é sempre um bom conselheiro.
         A minha onda é ser uma figura sempre na minha, uma figura irreverentemente tímida e timidamente irreverente. A dualidade é uma onda que habita meu ser de maneira latente. Sei dos conselhos do espelho e da tal busca pelo corpo perfeito, mas um dia, um dia o mar me falou que eu representava a perfeita simetria: corpo, alma e coração. E naquele fim de tarde, naquele dia, enquanto o mar, aquelas belas palavras me dizia, eu chorava de emoção.


André Mantena

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A bela e o dragão.

Na foto: casal de leitores, Ana Paula  Spalding e Luis Augusto.



              Ela é diferente e possui uma beleza que destoa do senso comum, já ele é paz para a guerra santa dos olhares de alguns. Ela é a bela e ele carrega a fama de ser impiedosa fera. Ela sedutoramente percorre as retinas de algumas imaginações, já ele faz e refaz um mosaico de inquietantes sensações! Uma existência baseada na outra, uma dualidade que permeia a existência de dois seres.
              A bela tem seus momentos de fera e a fera por vezes, se transforma em anjo só para ganhar um tantinho de colo da bela. Ela possui personalidade forte e decidida, já ele, bem, ele na figura de fera, repousa sua fúria nas curvas da bela. Ela desperta o fogo das paixões, ele abranda o fogo do seu desejo nos caracóis dos cabelos dela. Ela, menina moça mulher. Ele, dragão destemido, prisioneiro na prisão sem grades dos encantos da bela.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Eu sou pescador de fé

Na foto: leitor e colaborador, Ugo Loroza.



               Eu sou pescador de fé, sou pescador das coisas que não se pode ver a olho nu. Pescador de boas novas! Eu sou pescador de dias melhores, das noites estreladas e das madrugadas enluaradas. Eu, eu sou pescador da fé em Deus. Sou pescador que navegou mar revolto e enfrentou tormenta, mas jamais deixou de admirar a beleza e tamanha imensidão que o velho mar possui.
              Eu sou pescador de fé, sou pescador do perdão e do perdoar, do amor e do amar, sou pescador do cair e sempre levantar. Pescador do gesto de estender as mãos para ajudar o próximo e do repartir o pão de cada dia. Eu sou pescador da palavra de Deus. Pescador de valorizar o peixe e o trigo, o sal e a terra. Eu sou pescador de fé para prevenir ou apaziguar toda e qualquer possibilidade de guerra. Sou pescador dos desígnios do meu bom Deus.



André Mantena,