quarta-feira, 6 de abril de 2011

OLHOS FATIGADOS

Palavras citadas pela professora e poetisa Ana Maria Agra, relataram que o homem quando nasceu, recebeu das mãos de Deus o Deserto. Certamente, e de forma única, está afirmação levou-me a refletir sobre o referido Deserto. Comecei a perceber que cada vez que escrevia algo novo, sentia-me como se a parte que me cabe deste latifúndio, tornar-se cada vez maior e mais desabitada. Quanto mais descobria coisas no mundo, mais o mundo me faltava.
Certa vez, minha filha Naftali me perguntou por que eu não escrevia sobre as coisas que não existiam? Interessante este questionamento de minha filha! Sim porque Poesia é a ciência das coisas excluídas pela rotina! Doce "engano" de um poeta de primeiros versos.
Os olhos de uma criança não conhecem rotina, tudo existe tudo é possível, tudo é permitido e principalmente, tudo é sempre novo. As coisas que eu escrevia achando que se tratava de coisas que não existiam, ou pareciam imitar a realidade, para os olhos de uma criança, são coisas comuns.
As crianças estão sempre questionando, investigando e criando um mundo mágico e imperceptível aos olhos fatigados pela rotina dos nossos compromissos. Foi assim que eu percebi que era preciso abrir as janelas para receber o novo dia!

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