sexta-feira, 29 de abril de 2011

As janelas

Seis horas da manhã,
O mar canta o hit do verão,
E pelas frestas da janela,
Um pequeno raio de sol grita
Para me acordar.

É preciso abrir as janelas
Para receber o novo dia!

O ir e vir frenético na calçada,
Avisa-me que o tempo não pára,
As horas já não estão mais de luto

É preciso abrir as janelas
Para receber o novo dia!

O aroma de café, o beijo de hortelã,
A marquinha de iogurte no nariz das minhas filhas,
As minhas manhãs são sempre assim.

As flores no vaso exalam um mágico perfume,
Deixando a impressão de que irão sair para passear

É preciso abrir as janelas
para receber o novo dia!

Antigas ruas se abraçam
Formando uma romântica esquina,
A areia branca da praia parece sorrir para mim,
Observo encantado, três novos antigos coqueiros
Que me viram nascer.

É preciso abrir as janelas
Para receber o novo dia!

Gotas de colírio misturam-se as minhas lágrimas,
Divino Glaucoma!
Tudo isso sempre ao meu alcance,
Agora eu posso enxergar.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Se ali fosse tudo

                                                      
A força de um olhar,
Vasto mundo inacabado,
Fogo e frases que queimam
Ferro e flores de um recado

Aviões partindo para o ontem
Rios de adeus aqui no saguão
Uma fotografia em preto e branco
Olhar perdido no furacão.

Horizonte é perto
Se ali fosse tudo,
Mas a distância se uniu
A saudade que ama o absurdo

Daqui de onde estou
Retinas inquietas
A admirar o horizonte
E a força do olhar,

Neblina, nuvem e montes 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pedro Nasceu, Nasceu Pedro

(Nasceu Pedro, filho de Kelen e Marcelo, seja feliz Pedro) 

 A casa ganhou mais um quarto,
agora, gritos alegres invadem todas as nossas manhãs.
É preciso ajustar o zoom da máquina fotográfica.
Pedro nasceu! Nasceu Pedro!
um imenso pequeno coração,
uma grande jornada pela frente
uma espera interminável,
Pedro nasceu! Nasceu Pedro!
Que as noites enluaradas que embalavam doces beijos,
Agora embalem o pequeno berço do fruto de um lindo amor,
Pedro nasceu! Nasceu Pedro!
O time dos Anjos lá no céu está desfalcado,
Seu camisa dez foi convocado para o time dos sonhos
de nossa realidade,
Pedro nasceu! Nasceu Pedro!
Acabou a ansiedade.  

sábado, 23 de abril de 2011

Ponteiro poeta


Versos recitados pelo ponteiro do relógio,
Tempo, tempo, tempo,
Mundo girando, sol raiando.
E o ponteiro, tempo, tempo, tempo.

Chaminé chovendo chamados,
Poluentes poluindo telhados
E o ponteiro quase parado,
Temmmpo.

Homens na estrada,
Mulheres na calçada,
Maquinas apressadas
E o ponteiro, naaada, naaada, naaada.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Brasília

Homenagem ao aniversário de Brasília
(A terra da gente é aquela que nos acolhe e nos dá condições de crescer e viver com dignidade!)


Brasília,
Mãe que acolhe seus filhos
E os filhos das outras mães,
Brasília, mãe das mães,

Para quem vem de longe,
Buscando melhoria de vida,
Para quem vem cansado
Brasília mãe do cerrado,

Nos braços de Brasília
Todos os seus filhos
Ganham asas,
Sejam elas, Sul ou Norte.

Brasília,
Mãe de todas as raças,
Mãe de todas as religiões
Mãe de todos os corações,

Mãe que fez um lago Parar no ar
E virar uma chuva de Águas Claras,
Mãe que vive num Sobradinho,
Cultivando belas Samambaias

Mãe devota de Dom Bosco
E de São Sebastião
Mãe de infinito coração
Mãe que não sabe dizer não.

Mãe dos filhos de Taguatinga,
Mãe dos filhos de Ceilândia,
Riacho Fundo, Núcleo Bandeirante,
Guará e Candangolândia.

Brasília,
Para todos os seus filhos
És, e sempre será,
Amanda mãe gentil.
Mãe dos filhos do Brasil.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Belas Mulheres Brasilienses

Elas possuem corações medievais
Que vivem correndo
Pelos belos campos da Escócia
Elas trazem nos olhos,
Um avião movido a sonhos
E de quando em quando,
Alça vôos para o reino
Dos amores impossíveis.
Elas trazem consigo
Segredos versados de vários sotaques
Elas presenciaram traições
Que mudaram o rumo da história
Sofreram desilusões e choraram cristais
Que viraram estrelas,
Foram musas inspiradoras de tantas canções
E de tantas glórias
Elas são faróis revolucionários,
Seus sorrisos brilham feito o metal mágico
Da lendária Excalibur
Elas trazem no peito,
A coragem das Marias,
Trazem nos rostos a beleza das manhãs,
E no sangue, a força do Cerrado,
Elas trazem consigo o exemplo da mulher
Vencedora, Guerreira, inteligente.
Mistura das muitas Marias do Brasil,
Belas mulheres Brasilienses.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fome

Fome,
Nome faminto do homem,
Quer atitude,
Quer estrada,
Quer saúde,
Quer palavra.

Fome,
Nome faminto do homem,
Sente fome,
Quer asfalto,
Quer telefone,
Quer morar no alto.

Fome,
Nome faminto do homem,
Quer alegria,
Quer igualdade,
Quer dia-a-dia,
Quer liberdade.

Fome,
Nome faminto do homem!

sábado, 16 de abril de 2011

Silêncio

O silêncio é viajante de uma estrada
Chamada separação,
Por onde ele passa só se escuta solidão,
Ele não avisa quando chega,
Mas quando parte se despede fazendo festa.  

Ela


Ela afaga o dia em suas mãos,
Dias desses como os dias de verão,
Ela sabe qual é a face da tarde,
E as fases do meu coração.

Ela na janela, aquarela na visão,
Ela em meus braços, compasso de emoção,
Ilumina, fascina, na mina do desejo,
Provoca, retoca maquiagem com seu beijo.

Ela entende, ascende a chama da paixão,
Ela revela, amarela o ouro do meu coração,
Proíbe, inibe a timidez do meu viver,
Ela é vitória, história, batalha em meu ser.

Ela transita entre opostos,
Gosto dela transitando em mim,
Ela anoitece, enlouquece,
Começo, meio e fim.

A palavra

A palavra corre,
A palavra abraça,
A palavra afaga,
O sim e o não.

A palavra entende,
A palavra desprende,
A palavra gente
Na multidão.

A palavra anda,
A palavra canta,
A palavra dança
Em forma de canção.

A palavra amiga,
A palavra briga,
A palavra vida
No papel de pão.

A palavra fama,
A palavra clama,
A palavra ama
E constrói uma canção.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nostalgia


Revistas espalhadas pela sala,
Rastro de despedida deixado pelas malas,
Um gosto de batom correndo corredor,
Sonhos virando a esquina.

Abajur ilumina vazio do quarto,
Micrisytem mudo admira retrato,
Rosas choram vaso quebrado,
Sonhos virando a esquina.

Noite alta já se ia,
Madrugada evitando novo dia,
Zum, zum, zum boêmio, nostalgia,
Evito abrir os olhos, novo dia.

Ficou tudo assim,
Hiroshima em meu peito,
Onze de setembro em meus olhos,
No fim do nosso amor.

Rotina Cega



A faca cega
   O indigente cego
      A rotina cega
         A sociedade cega
                 O coração cego

                                 A rotina cegou
                     O coração da sociedade
                  Que não percebeu
              O indigente cego
          Pela faca cega
Precisando de ajuda  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Barulhinho do Café


Disfarça o pranto no canto da sala
E admirar as malas que estão partindo
Mesmo sentido a solidão hospedar-se
No antigo quarto que pertencia ao amor.

O sopro do ventilador,
A dobradiça na velha porta da cozinha,
O barulhinho do café aquecendo a xícara,
Sons que dão o tom de sua ausência.

Um bilhete insistindo em lhe chamar,
Uma visita inesperada pro jantar,
Recepcionadas por uma sala
Iluminada por seu sorriso na parede.

Sem você, quando nasce um novo dia,
Morre um pouco do meu novo ser,
Pois quando volto para casa toda noite,
Ainda sinto e ouço seu cheiro correndo
Na esquina para me receber.

Preciso acostumar-me com a idéia
De ter que esquecer os nossos costumes,
Eu preciso aprender a viver
Sem suas loucas cenas de ciúmes.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Zé Brasil

Lá vem o Zé Brasil
Classificados na mão
Depois de um café preto
E um pedaço de pão

Lá vem o Zé Brasil,
Barba mal feita,
Cabelo demonstrando tempo
Olhos cansados.

Lá vem o Zé Brasil
Sapatos furados,
Calça surrada,
Camisa amarrotada

Olha lá o Zé Brasil
No ponto de ônibus
Sem dinheiro para o transporte,
Vai tentar entrar por trás

Chegou o Zé Brasil
Aqui na agência de emprego
Veio procurar qualquer coisa
Achou um punhado de incerteza

E agora Zé Brasil?
A luz está cortada
A água está cortada
O gás de cozinha acabou

Lá vai o Zé Brasil
Olhar de horizonte
Fome aos montes
Mastigando estrelas

Descansa Zé Brasil
Descanse nobre cidadão
Uma bala que vagava perdida,
Encontrou seu coração

A fila

Minha irmã nasceu primeiro.
Janeiro, antes de fevereiro,
Água, antes de gelo,
Parto, antes de partir,
Enquanto isso...
A ordem natural das coisas,
Eu aguardo na fila a minha hora chegar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Uma mulher de verdade

Uma mulher de verdade,
versa pelas veredas da adolescência e maturidade,
Tem punhos fortes, sorriso meigo e várias resoluções no olhar,
É porto seguro, destino certo para atracar,
Escreve poesias, ler grandes livros, ou se diverte lendo cultura inútil,
Uma mulher de verdade,
dimensiona o seu futuro, faz um balanço do passado
E vive o presente com brilho e delicadeza.
Uma Mulher de verdade,
não perde a pose, quando desce do salto,
Nem perde a feminilidade quando usa um grosso par de botas e
Decide chutar o pau da barraca.
Uma mulher de verdade,
chora, pede colo e se descabela
E não dá a mínima para opinião alheia.
Uma mulher de verdade,
xinga, grita, tem tiradas maliciosas e inteligentes,
Uma mulher de verdade,
é amiga, ou inimiga do batom, faz chapinha,
Ou deixa o cabelo com a aparência de quem estava fazendo hora no olho
De um tornado.
Uma mulher de verdade,
não precisa ser e nem fazer nada disso acima citado,
Precisa apenas ter qualidade e defeitos como “VOCÊ” .

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PAZ E LUZ

 
Uma força que nunca seca,
Não há de deixar secar o rio da esperança,
Os seus sonhos de criança,
Precisam lhe resgatar.
A Luz divina que nunca se paga,
Secou, apagou o que havia de mais puro
Em seu coração, agora, rio sem direção.
A presença ausente de Deus
Que você nunca sentiu, se fez ausente presença
E deixou de existir.
E a força que nunca seca,
Não sabe para onde lhe levar,
Viver na esperança dos sonhos,
Ou deixar de sonhar????
E a Luz divina que nunca se apaga,
Não quer lhe iluminar,
Fechar os olhos para o amanhã,
Ou deixar o amanhã chegar????
Uma voz amiga sussurra racionalmente,
Paz e Luz olhe para frente!
Todos nós temos um pouquinho de Deus
Porque Deus tem um pouco de cada um da gente.
Achados e perdidos, vitoriosos e vencidos,
Cada um responde pelo seu próprio destino.
Paz e Luz, dia a dia, viver com algo triste,
Não significa viver sem alegria.
A força que nunca seca e a
A Luz divina que nuca se apaga,
Sempre estarão com você, enquanto você viver.

sábado, 9 de abril de 2011

Quando o meu irmão partiu

Esses versos  são para Rafael In Memorian.
(Tatá seu irmão era um anjo e os anjos nunca nos abandonam)


Quando o meu irmão partiu,
Criou-se uma fissura na minha poesia
De tamanha violência,
No fechar daqueles olhos.

Quando o meu irmão partiu,
Partiu-se o elo das rimas de minha poesia,
Uma frase povoada de infância,
Transformou-se em estrofes de recordações.

Quando o meu irmão partiu,
Compreendi o que o homem sentiu,
Quando recebeu das mãos de Deus o deserto.

Quando o meu irmão partiu,
A literatura tornou-se travesseiro
E meus olhos tristes hospedeiros
Das lagrimas da solidão.

Quando o meu irmão partiu,
Questionei-me do que é feito um irmão?
Irmão é feito de convívio e essência maternal,
É feito de verdade, irmão é feito de eternidade.

Nos corredores daquela escola

In memoriam aos adolescentes mortos em escola no Rio de Janeiro.

Nos corredores daquela escola
Crianças e adolescentes choram,
Na imensidão daqueles corredores,
Escorriam pelos olhos,
Horrores,
O parquinho repleto de vazio,
O zum zum zum adolescente costumeiro
Agora, é frio.
O caderno não brincou com o lápis,
A mochila não pegou carona na alegria,
Viraram uma barricada para amenizar a agonia,
Nos corredores daquela escola,
Adolescentes choram,
Nada de maquiagem, roupa da moda,
Franja ou um gel realçando os cabelos,
Nada de batom vermelho.
Nos corredores daquela escola
Apenas um tom rubro de pesadelo.
Nada de recreio,
Nada de infância,
 Nada de adolescência,
Consciência, nada, nada, nada,
Nos corredores daquela escola.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Perto das nuvens

Perto das nuvens,
Altos pensamentos,
Vento batendo infância,
Sentado à beira do horizonte.

Perto das nuvens,
Logo à frente, o futuro presente,
Olhar imitando gaivotas,
Recordações brincando de chegar.

Perto das nuvens
Um solitário alguém
Querendo retornar.

Na alma da palma da minha mão

Na alma da palma da minha mão
Existia um trauma,
Na alma da palma da minha mão,
Existia um vulcão transpirando raivosa erupção.

Havia um dedo enriste,
Havia um palpite de estação,
Havia um trauma,
Na alma da palma da minha mão.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maresia


Firme, longe a paz segue sozinha.
Penso que o dia anda devagar,
O horizonte, ao meio-dia pára,
Vai almoçar, e devagar, devagar, a divagar.

O vento vem e vem,
Longe, alguém zen, zen.
Aroma de mar, maresia ia ia ia.

Cantando devagar, devagar, a divagar.
O sol innndo, noite surginnndo,
Firme, longe a paz
Segue sozinha, devagar, devagar, a divagar.

ACONTECE COM OS CASAIS

O acaso por acaso era rotina,
E nada novo é novidade quando termina,
Isso acontece com os casais,
Depois das promessas os temporais.

De repente se fez o amor,
Um sentimento mudo indiferente,
Olhares camuflados no céu da gente,
Isso acontece com os casais,

Vasculhe o teu passado E encontre a sua culpa,
Camuflou-se de vinho o sangue,
Disfarçou-se de ausência a Mao, restou à luva.
Vasculhe seu passado e encontre a sua culpa,

quarta-feira, 6 de abril de 2011

OLHOS FATIGADOS

Palavras citadas pela professora e poetisa Ana Maria Agra, relataram que o homem quando nasceu, recebeu das mãos de Deus o Deserto. Certamente, e de forma única, está afirmação levou-me a refletir sobre o referido Deserto. Comecei a perceber que cada vez que escrevia algo novo, sentia-me como se a parte que me cabe deste latifúndio, tornar-se cada vez maior e mais desabitada. Quanto mais descobria coisas no mundo, mais o mundo me faltava.
Certa vez, minha filha Naftali me perguntou por que eu não escrevia sobre as coisas que não existiam? Interessante este questionamento de minha filha! Sim porque Poesia é a ciência das coisas excluídas pela rotina! Doce "engano" de um poeta de primeiros versos.
Os olhos de uma criança não conhecem rotina, tudo existe tudo é possível, tudo é permitido e principalmente, tudo é sempre novo. As coisas que eu escrevia achando que se tratava de coisas que não existiam, ou pareciam imitar a realidade, para os olhos de uma criança, são coisas comuns.
As crianças estão sempre questionando, investigando e criando um mundo mágico e imperceptível aos olhos fatigados pela rotina dos nossos compromissos. Foi assim que eu percebi que era preciso abrir as janelas para receber o novo dia!

Novo velho amor

Um sonho adolescente,
E a vida segue seu caminho,
Pedras, areias, asfalto,
Um sonho, cá do alto.

Uma vontade fim de tarde,
Uma saudade que ainda arde,
Tudo fala e cala,
Aqui do alto.

Olhares, esquinas, ruas repletas,
De pessoas, de sonhos, de perguntas,
Onde estará o novo velho amor?
Perguntas aqui do alto.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Segunda Feira do Século que Vem

Restos mortais dos jornais de ontem
E o ontem ainda escorria pela calçada
Engraçada essa imagem no espelho

Filtros de cigarro sobrevoam o petróleo urbano
Fábricas copiam seres humanos
Meu diploma universitário chega por e-mail
É a minha faculdade além mar

Folhas caem pelo chão do outono
Telefones, interfones, megafones,
E os olhos choram a fome
Em migalhas de pão

Ontem me lembro bem,
Ninguém em casa guardando o domingo
Hoje, segunda-feira do século que vem.

Meu Violão

Meu vilão,
Tem uma rua deserta,
Uma lua encoberta
Que você não vê.

Meu violão,
Tem um mar inquieto,
Um passado entreaberto,
Esperando o amanhecer.

Tem uma dor que não passa
E vive de graça, meu peito apertando.
Tem olhos sofridos,
Lindo sorriso, que vive chorando.

Meu violão,
Tem uma noite de frio,
Um auditório vazio
Uma nota faltando.

Tem uma mesa vazia,
Ausente alegria, saudade do mar.
Meu violão tem a necessidade
De sofrer de verdade, para poder cantar.

Fujo do Lobo

Somente amei,
E fui o meu próprio lobo,
Devorando a todos,
No universo do meu ser.

Quebrei espelhos
Que não me agradaram
Dispensei conselhos
Que não me acrescentaram.

Fujo do lobo
Como fujo de mim
Fujo do amor,
Lobo vivo em mim.

Somente amei,
Fui o dedo enriste
Semeei a crise
No universo do meu ser.

Eu, as Coisas e o Tempo

Eu, as Coisas e o Tempo

E me vejo aqui assim,
Juntando os cacos das minhas lembranças,
Planos perdidos pelos vão do tempo,
Sonhos encurralados nas vielas do impossível.

E me vejo aqui assim,
Em um porto acenando para o passado,
Recordando tardes em jornais de fantasia,
Eu, as coisas e o tempo.

Percebo que tudo mudou,
Que amores outrora eternos,
Deram lugar a fotografias esquecidas
Na imensa solidão de pequenas gavetas.

E me vejo aqui assim,
Abraçado ao museu do arrependimento,
Lembrando a fiel roda de amigos,
Que impulsionada pelo moinho do destino,
Girou cada um para direções contrarias.

E me vejo aqui assim,
Perdido na doce fragrância da dúvida,
De como teria sido se nunca tivesse existido
Eu, as coisas e o tempo?