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Na foto: Leitora, Lilia Amorim. |
Apesar da varanda do tempo, da virada do momento, da esquina das coisas
que eu sentia, hoje? Eu sou só alegria! Apesar das solas gastas pela distância,
das dúzias de vãs importâncias, hoje? Eu sou a mulher que eu queria! Apesar da
maquiagem tom de lágrima que rabiscava a minha face, das ruas vazias que eu
caminhava, hoje? Nada, nada, nada mais de solidão!
Apesar das noites altas, do quase “não nascer” daquele novo dia,
daquelas tardes que partiam sem que eu percebesse que estava viva, hoje? Eu sou
só alegria! Apesar daquelas roupas descompromissadas com a minha aparência, da
falta das pessoas e do exercício de convivência, hoje? Eu faço a diferença!
Agora, a unha por fazer, já não está mais por fazer e a cor do meu esmalte é
vermelho amor, amor, de amor próprio!
Apesar do ir e vir dos carros, daquelas flores que descoloriam os
jarros, da espera por um telefonema, hoje? Eu descobri que viver vale a pena!
Eu me despi da espera e me vesti de quimera e a beleza voltou a me namorar. Eu
redescobrir o meu corpo e deixei de ser o esboço da mulher que eu sonhava em
ser. Pintei o meu cabelo com a cor da madrugada e novamente me sentirei amada
pela vida ou por algum homem que mereça esse meu novo coração.