quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ela não quis saber de estrelas.

Na foto: amigo e leitor, Edson Coutinho Junior.


          Ela não quis saber de estrelas, não abraçou a minha ideia de abraçar um lance sem fim, ela não quis saber de mim. Ela bebia a madrugada com pequenas pedras de gelo e muita indiferença, ela era indiferente até para a própria indiferença. Ela não curtiu a canção que eu compus para ela, porque em suas veias corria o rock progressivo da ingratidão.
          Ela viajava ao som do Raimundos, se sentia livre ouvindo o reggae do Natiruts e ficava horas em silêncio ouvindo o som da Legião. Ela era amiga do asfalto e se confundia com a própria solidão. Ela cheira a vapor e a gasolina, era a menina que sabia ser mulher e a mulher que esqueceu que um dia foi menina.
         Ela era assim, preenchia bem os decotes e a minha imaginação, eu sonhava com o dia em que eu me perderia dentro dos jeans que ela usava. Eu pedia a Deus para que ela fosse a minha perdição. Mas ela, ela não quis saber de estrelas e nem de mim. Ela curtia Janis Joplin e Amy Winehouse e achava que um dia morreria de overdose, enquanto eu morria de amores todos os dias por causa dela.

        Eu a amava e a admirava por ela ser o que eu não era, mas ela, bom, ela detestava filme com final feliz. Por isso, ela nunca quis saber das estrelas e nunca quis se apegar a mim. 

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