terça-feira, 21 de junho de 2011

Naquela época

          Hoje, na hora do lanche, conversando com duas amigas de empresa, Patrícia e Maria Enide, rolou um assunto muito interessante e achei por bem dividi-lo com vocês que acompanham o meu blog. No primeiro momento, conversávamos eu e Patrícia, uma carioca que possui um coração de ouro, moça temente a Deus, muito inteligente e carinhosa com todos no seu dia a dia, amante da boa musica e das belas praias do Rio de Janeiro. Eu comentava sobre o assunto que deu origem ao meu texto anterior, postado no meu blog.
          Falávamos da musica “Oceano” de Djavan que havia sido citada no referido texto, e de como essa canção era linda e tocava fundo qualquer pessoa, de qualquer idade, de qualquer lugar e de qualquer tribo. Foi nesse clima meio Oceânico que Maria Enide chegou e sentou-se conosco e passou a fazer parte da conversa, mas a Maria nos levantou uma questão interessante.
          Cá estou eu novamente, garimpando meu velho baú das minhas inquietações e pensando na questão levantada por Maria: “Você lembra como era a maneira que um rapaz chegava para conquistar uma moça antigamente nas festas?” Bom, eu não sou tão da antiga assim, tenho trinta e sete anos, porem fiquei surpreso porque já me peguei em algumas ocasiões, pensando neste assunto.  
          A conversa ganhou um ar nostálgico, apesar da pouca idade da nossa amiga Patrícia, ela também acompanhou o tema com certa autoridade, que cheguei a pensar em contemporaneidade ocultada. Enide, no auge dos seus 40 anos divagava sobre as canções, que segundo ela, eram mais bonitas, mais bem feitas e até mesmo, mais bem cantadas. Patrícia relatava cenas e títulos de novelas que alem de trazerem boas lembranças, aumentavam minhas desconfianças quanto à verdadeira idade da minha amiga carioca de 20 anos.
          De tanto ouvir atento a tudo que as meninas comentavam, resolvi aderir ao coro nostálgico e quando dei por mim, falava das festas que aconteciam no fim dos anos 80 até meados dos anos 90. Naquela época, havia toda uma atmosfera mágica antecedendo referidos eventos. Não que hoje, em pleno ano de 2011, não exista também essa atmosfera antecedendo uma festa, um show, o problema está na evolução das coisas, das musicas, das festas, da atmosfera que envolve os dias de hoje.   
           Pequenas mudanças fizeram grandes revoluções, antigamente o LP, hoje o CD, que já perdeu lugar para o DVD que por sua vez já faz bico e morre de inveja do novato Blue-Ray. Isso, sem falar do videocassete, que se perdeu em algum lugar dessa citada jornada evolutiva.  
          No que se refere às aproximações românticas daquela época, com certeza, existia uma diferença muito grande, antigamente as festas eram freqüentadas por “Djavan e sua Flor de Lis”, Caetano Veloso que não parava de cantar “linda mais que de mais” Lulu Santos que jurava ser “O último Romântico” Paula Toller, que afirmava para alguém que “Depois de você/os outros são os outros e só.
            Herbert Vianna e a Paralamas do Sucesso anunciavam que viriam tocar na Capital e lá fora, dentro de um fusquinha todo rebaixado, Cazuza esbravejava Exagerado, jogado aos pés de alguém. Até a turma do estrangeiro vinha curti as nossas festas, e olha que era uma turma da pesada! Freddie Mercury declamando “Love of my life” para todo o mundo ouvir, U2 liderado por Bono Vox fazia a moçada se apaixonar com “With or Without you” enquanto Michael Jackson ensinava todo mundo a dançar ao som de “thriller”.
              Com uma trilha sonora dessas, todos os casais se curtiam, ou queriam se curtir, se não estavam, ficavam apaixonados e se já estavam, ficavam ainda mais. Naquelas festas o ponto alto da noite era quando rolava a tão esperada seqüência de musica lenta, (era assim que as musicas românticas eram chamadas) ao tocar da primeira canção lenta, o salão escurecia e era povoado por casais que se perdiam no labirinto de olhares carentes e por vezes cheios de malicias.
               Porem naquela época, até a musica que uma pessoa escolhia, fazia parte do jogo de sedução, tanto do rapaz, quanto da garota, ele acreditando escolher o melhor momento, e a musica inesquecível para marcar a noite e quem sabe a até vida dela, enquanto isso, ela, já havia feito a sua escolha e decidia entrar no jogo, só para acariciar o ego do aspirante a Don Juan.
Preciso registrar aqui, que não é o homem que escolhe a mulher, quando um homem ganha uma mulher, na verdade, ela já havia feito a escolha há muito tempo, a mulher não é conquistada, ela se deixa conquistar, mas isso é assunto para outro texto!
           O fato é que mulher agia como mulher e homem como homem, o que na verdade acontece ate hoje, por parte dos homens.  O que de mais grave aconteceu foi a mudança do ponto de vista feminino e evolução das musicas, a liberdade de expressão ganhou contornos pornográficos, chagando ao cúmulo de igualdade entre os sexos, ser confundida com vulgaridade entre os sexos.
           Nas baladas da atualidade, as aproximações acontecem com muito mais freqüência do que antigamente, o problema é que não se pode permiti o desmantelo da imagem feminina, a degradação da essência feminina, a mulher não pode ser comparada a um animal que vive eternamente no cio, as canções perderam em qualidade, viraram poderosa ferramenta desconstruindo o que a própria mulher levou mais de um século para conquistar, o respeito e a igualdade dos seus direitos.
            Não sou, e nem quero ser visto como um alguém que parou no passado, porém eu só quero poder freqüentar uma boa festa, onde cada um saiba o seu espaço e seus limites, uma festa onde toque tudo, funk, rock, forró, axé, MPB, tudo, tudo, tudo. Quero uma festa onde haja aproximações românticas, mas acima de tudo, quero uma festa regrada a dignidade e a musica boa, gente de todas as tribos, diversão sadia e segura, gente sendo gente, esse papo de cachorra não pega bem nem para as cadelas!

4 comentários:

Anônimo disse...

Concordo contigo chefinho...
Antigamente era tudo melhor, mais saudavel...
Assim como a moda retro esta voltando aos poucos, Poderia tambem, voltar o velho corteijo, iria adorar.. rsrsrs
Beijos.

Ass : Polliana :]

Anônimo disse...

Andrezinho,
Pelo visto foi uma conversa hiper bacana, cultural e produtiva. Eu sou suspeita para falar, vc sabe, pois sou fã da naftalina.Lembro-me do carinho dos anos 90, quando passava na TV Barrados no Baile, quando iniciou a Malhação. Dos anos 80 lembro muito da minha infância..Balão Mágico, a nave da Xuxa, entre outros...As músicas...ah! as músicas, excelentes, de qualidade, cito: Journey, Bon Jovi, Madonna, INXS, Whitesnake,Cindy Lauper, The Cure, como tantos outros e o cinema?!? Os Goonies, De volta para o Futuro, Super Homem..Naquela época, éramos felizes e não sabíamos!!!
Beijo,
Rita de Cássia

Lilia Tavares disse...

Maravilhoso!! Não vivi na era em questão, mas com certeza ja ouvi muito falar destes bailes e festas tranquilas e maravilhosas. Hoje realmente as mulheres são vistas como objetos sensuais e descartaveis. E Andre, você escreve bem de mais. Aff sou suspeita, sou sua fã. Beijos

Anônimo disse...

Maravilhoso André,
É sempre bom ler, ouvir as suas palavras de profunda inspiração e sabedoria.
Obrigada!
Abraço,
Rita de Cássia