Hoje acordei com uma saudade andando pelos quatro cantos do meu coração, não sei ao certo, saudade de quê? Fiquei vasculhando os labirintos dos meus sonhos e não encontrei razão para referido sentimento, neste momento, percebi que o baú das minhas inquietações estava sendo revirado e lá, de algum vão perdido nele, percebi que meu coração batia descompassado e que as inquietações povoavam minha cabeça.
Fitei meu olhar na direção de lugar algum e ouvir meu coração falar “Escreva sobre mim, escreva sobre o que representamos um para o outro!”Dessa vez, confesso que esse tema me causou certa apreensão. Como posso escrever sobre meu coração? Como posso expressar algo sobre ele que vem dele? Como posso falar sobre ele sem me expor? Sem expor minhas fraquezas, meus receios, anseios e até desejos mais contidos lá no fundo de minha alma?
Mesmo assim, as palavras começaram a fluir e eu fui entendendo o meu coração. O meu coração é o meu melhor amigo, foi, é, e será sempre aquele que esteve comigo sempre nas horas em que eu mais precisei, ele esteve comigo, quando eu conheci pela primeira vez, a dor da perda de um ente querido. Eu era bem novinho, acredito ter na época, oito para nove anos de idade, quando perdi meu avô materno , o velho Matias, como todos o conheciam.
A imagem daquele homem, de pele clarinha, de olhos azuis, chapéu de vaqueiro, andar calmo, fala mansa, dera lugar a um corpo pálido e enrijecido, cercados por muitos que o amavam, numa pequena capela da antiga cidadezinha chamada Amado Bahia, interior da Bahia. Naquela noite, parecia que eu iria morrer junto com ele, mas você coração, se apossou da minha dor, só para eu não sofrer e durante muito tempo sofreu por mim, sem me cobrar nada.
Até hoje, meus pais não sabem o quanto aquele acontecimento marcou minha vida. Você coração, esteve comigo quando eu dei minhas primeiras pedaladas sozinho, naquele dia, quanto mais eu pedalava, mais eu queria pedalar. Do meu peito explodia uma sensação que me transformava na criança mais livre do mundo, e novamente, você estava lá, desde as primeiras pedaladas, dizendo, vai, você vai conseguir! E eu consegui! . Lembro-me bem coração, daquela surpresa que você me fez, quando pela primeira vez, você me levou para ver o pôr-do-sol na praia de Itapuã.
Vixe Maria coração, foi naquele dia que eu descobrir, que não havia nada mais lindo que o sol beijando o mar, foi uma alegria! Que sozinho, eu não agüentava não.
Até nos dias em que nós estávamos brigados, dias, como o dia da minha vinda para Brasília, você resolveu fazer as pazes comigo, e não me deixou partir sozinho, naquela noite, 16 de junho de 1994, noite em que deixei para trás todos os meus sonhos de criança, meus planos de adolescentes, noite e que eu deixei para traz, pensava eu, minha vida.
Naquela ocasião, você, mais uma vez, se apossou da minha dor e da minha vontade de pular pela janela, e sofreu dobrado, aquela dor de deixar a minha terra natal, lembro que escutei durante vinte e duas horas de viagem, você chorar baixinho, só para os outros passageiros não perceberem. Você coração, deixou sua vida lá em Salvador só para me acompanhar.
Preciso dizer que você é o melhor parceiro de farra que eu tive e tenho nesta vida, gostamos dos mesmos estilos musicais, somos fãs incondicionais de Carlinhos Brown, Chico César, Vander Lee e Jorge Vercilo. Nos emocionamos com Vanessa da Matta, Bruna Caram, Marisa Montes, Adriana Calcanhoto, curtimos o som de Ana Carolina, Daniela Mercury, tomamos todas ouvindo, Zeca Pagodinho, Art. Popular, Revelação e a minha banda de pagode preferida, banda Raça Negra.
Pulamos muito atrás da Timbalada, Olodum, Netinho e Ricardo Chaves, mas quando o Chiclete com Banana passava, ai a festa começava, lembra? Infelizmente eu lembro também, que até hoje, choramos a morte de Cássia Heller. Aprendemos até a gostar de forró! Vale tudo quando estamos na farra, não é coração?! Mas eu não posso deixar de dizer, você já aprontou umas boas comigo.
Sempre me deixou na mão, quando o assunto era amor, não é verdade? Sempre que eu disse, “hoje vamos sair e não vamos ficar só com uma, vamos pegar geral, você sempre dava um jeito para me apresentar alguma garota, e fazia tão bem o filme dela, que, era só rolar o primeiro beijo, e danou-se, tava lá eu apaixonado mais uma vez! E o pior, é que você morria de se divertir quando isso acontecia, depois, você sempre voltava se desculpando e jurando nunca mais aprontar pra cima de mim.
Acontece, que era só rolar mais uma festa, um clima legal, e lá saia você jurando para todas as garotas, que eu era o cara para um sentimento eterno, que era um cara legal, que igual, não havia na face da terra. Certa vez, no feriado de semana santa, lá na ilha de Itaparica, na praia de Amoreira, saímos com alguns amigos para uma barraca de praia que rolava musica ao vivo, e você fez uma das suas campeãs comigo.
Ofereceu uma musica para uma garota da turma, a musica foi “Cheia de Manias” da banda Raça Negra, naquele momento, eu não sabia onde enfiar minha cara, aquela foi forte” ele acertou em cheio, na musica, na tática, mas principalmente, na escolha da garota, ela se tornou um alguém por quem eu sempre carreguei um carinho e respeito muito grande.
Você coração, aprontou muito comigo, deixando uma imensa dúvida na balança da minha consciência, teria sido você, mais amigo ou inimigo? O fato é que você me deu um grande amor, que possua vez, me presenteou com duas lindas filhas, me deu também uma paixão que também se transformou em um grade amor chamado Brasília!
Me deu poucos amigos homens, porém verdadeiros, me deu um milhão de amigas, um universo feminino que me ajuda a escrever todos os dias textos como esse, como esse que escrevo agora.
4 comentários:
Prefiro não comentar..só admirar esta linda mensagem!!!
Bom findizim..
Beeeijo*
Rita de Cássia
Rita, valeu acredito muito em suas palavras!
É sincero e verdadeiro...
Meu beijo,
RIta de Cássia
ah papai esse texto tá mara ! eita adolescencia &' infancia boa ! meu guerreiro , herói , escritor , melhor amigo , eu te amo ♥
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