sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quando pedi para o tempo um tempo para pensar.

Na foto: amigo e leitor, Jonathan Ornelas.



          Eu quero de volta todo o tempo que o tempo não me deu. Quero a vida vivida que eu deixei de viver. Na sala da inércia a pressa retratada em um quadrado quase três por quatro. Eu quero o sono dos justos que eu deixei de aproveitar no universo paralelo do meu quarto. Eu quero de volta todo o tempo que o tempo não me deu.
           Eu quero o tempo parado no ato daquela dança que eu não dancei, quero o trono e a coroa do reino que eu nunca fui rei. No rastro do tato que nunca conheceu o afeto, meu gesto de apego que eu nunca esbocei. Quero do tempo o tempo que ele nunca me deu, quero reescrever meu calendário, quero refazer meu itinerário, quero de volta a minha existência que eu nunca deixei existir. Eu quero de volta o tempo que o tempo não me deu.
          Eu quero reviver aquele beijo roubado que eu nunca roubei, quero a recusa daquele ato errado que eu nunca recusei, quero do tempo aquele tempo que eu nunca me dei. Nessa velha poltrona da minha sala de estar, eu quero de volta o tempo que o tempo nunca se recusou a me dar. Quero devolver para o tempo o tempo em que eu deixei de viver, quando pedi para o tempo um tempo para pensar

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