Na foto: amigo e leitor, Jonathan Ornelas. |
Eu quero de volta todo o tempo que o
tempo não me deu. Quero a vida vivida que eu deixei de viver. Na sala da
inércia a pressa retratada em um quadrado quase três por quatro. Eu quero o
sono dos justos que eu deixei de aproveitar no universo paralelo do meu quarto.
Eu quero de volta todo o tempo que o tempo não me deu.
Eu quero o tempo parado no ato
daquela dança que eu não dancei, quero o trono e a coroa do reino que eu nunca
fui rei. No rastro do tato que nunca conheceu o afeto, meu gesto de apego que
eu nunca esbocei. Quero do tempo o tempo que ele nunca me deu, quero reescrever
meu calendário, quero refazer meu itinerário, quero de volta a minha existência
que eu nunca deixei existir. Eu quero de volta o tempo que o tempo não me deu.
Eu
quero reviver aquele beijo roubado que eu nunca roubei, quero a recusa daquele
ato errado que eu nunca recusei, quero do tempo aquele tempo que eu nunca me
dei. Nessa velha poltrona da minha sala de estar, eu quero de volta o tempo que
o tempo nunca se recusou a me dar. Quero devolver para o tempo o tempo em que
eu deixei de viver, quando pedi para o tempo um tempo para pensar
Nenhum comentário:
Postar um comentário