Na foto: amiga e leitora, Tásia Silva. |
Eu colecionava figurinhas repetidas do álbum
dos meus fracassos, eu passava a maior parte do meu tempo ajuntando os meus
cacos. Eu era minha própria multidão. Eu tinha como solução para os meus
problemas, varrer para debaixo do tapete tudo aquilo que eu não conseguia
resolver. Eu achava que aquilo era viver. Eu colecionava figurinhas repetidas
do álbum dos meus fracassos.
Eu
clonei diversas vezes o espelho para dividir minhas dores, mas elas se
multiplicavam e retornavam cada vez mais fortes para o meu peito. Eu não
percebia que clonar o espelho não era a solução. Eu forjei tantas vezes minha
partida no temido aço do adeus, mas nunca consegui ir adiante e enfrentar a
fornalha da despedida. Eu colecionava figurinhas repetidas do álbum dos meus
fracassos.
Hoje, eu passo as horas contando os pingos dos
meus pensamentos e relendo capítulos que profetizaram essa minha solidão.
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