Na foto: amiga e leitora, Stéphane Garcia. |
Eu estou triste, os cientistas se
apossaram da lua. Ela já não pertence mais a minha rua. Ela já não pertence
mais aos loucos e pirados, a lua já não pertence mais aos boêmios inveterados.
Ela já não pertence mais ao meu bairro. Já não pertence mais aos casais de
namorados, a lua já não guia mais o viajante solitário.
Ela já não pertence mais a minha
rua. Já não visita mais as janelas das moças apaixonadas, ela já não pertence
mais às madrugadas, a lua já não se refresca mais na pequena poça d”água no
chão. Eu estou triste, os cientistas se apossaram da lua. Ela já não pertence
mais ao ciclo das marés, ela já não pertence aos lobisomens, a lua, bom, ela já não cabe
mais na palma da minha mão. A lua já não pertence mais nem a São Jorge e nem ao
Dragão.
Ela já não pertence mais aos poetas.
Ela já não ilumina o velho mar, já não pertence mais aos compositores, ela já
não pertence mais as nossas retinas. Eu estou triste, a lua agora brilha infeliz
e solitariamente dentro de um tubo de ensaio de algum renomado laboratório.
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