Foto: leitora, Mariana Reis. |
Eu, cego marinheiro de mim, aprendi as
duras penas que barco que navega por mar de sorrisos também pode naufragar. Não
dei ouvido ao que o vento me dizia e como castigo da sabedoria, remei, remei e
não sai do lugar. Acreditei ter o horizonte mais vasto que o próprio horizonte
e como resultado, eu perdi tanto tempo sem conseguir me enxergar.
Eu, cego marinheiro de mim, aprendi
naufragando que nem sempre ausência de ventos fortes é sinal de paz. Aprendi me
afastando da costa, que ventos fortes também nos aproximam de algum velho caís.
Eu quis ser mais do que o mar, pensei ser mais forte que as ondas, pensei ser
mais forte que o mar.
Eu, cego marinheiro de mim, aprendi
isolado na imensa ilha da minha solidão, que somos grandes vencedores quando aceitamos
nossas derrotas. Eu que nunca parti sem a certeza de voltar, hoje entendo que
naveguei tanto tempo sem nunca ter tido um Porto Seguro para atracar.
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