segunda-feira, 4 de março de 2013

Eu, cego marinheiro de mim.

Foto: leitora, Mariana Reis.



          Eu, cego marinheiro de mim, aprendi as duras penas que barco que navega por mar de sorrisos também pode naufragar. Não dei ouvido ao que o vento me dizia e como castigo da sabedoria, remei, remei e não sai do lugar. Acreditei ter o horizonte mais vasto que o próprio horizonte e como resultado, eu perdi tanto tempo sem conseguir me enxergar.
     Eu, cego marinheiro de mim, aprendi naufragando que nem sempre ausência de ventos fortes é sinal de paz. Aprendi me afastando da costa, que ventos fortes também nos aproximam de algum velho caís. Eu quis ser mais do que o mar, pensei ser mais forte que as ondas, pensei ser mais forte que o mar.
       Eu, cego marinheiro de mim, aprendi isolado na imensa ilha da minha solidão, que somos grandes vencedores quando aceitamos nossas derrotas. Eu que nunca parti sem a certeza de voltar, hoje entendo que naveguei tanto tempo sem nunca ter tido um Porto Seguro para atracar. 

Nenhum comentário: