quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Barulhinho do Café


Seis horas da manhã, eu acordo e logo preciso fingir que não percebo o meu pranto disfarçado no canto da sala. Triste recordação da noite anterior, meu olhar, paralisado, admirou as malas que partiram, mesmo com aquela amarga sensação de que a solidão hospedar-se-ia no antigo quarto que pertencia ao amor.
                 De repente, o sopro do ventilador, a dobradiça na velha porta da cozinha, o cantar dos passarinhos lá no quintal, o barulhinho do café aquecendo a xícara, aqueles eram os sons que davam o tom da sua ausência. Na estante, havia um bilhete insistindo em lhe chamar, à noite, uma visita inesperada chegou para jantar e, logo foi recepcionada por uma triste sala, que se fazia iluminar, pela lembrança do seu sorriso na parede.   
             Sem você, quando nasce um novo dia, sinto que morre um pouco do meu antigo ser. E a tarde quando volto para casa, eu penso estar maluco, pois ainda sinto o seu cheiro correndo na esquina para me receber. Eu preciso acostumar-me com a impossível idéia, de ter que esquecer os nossos costumes! Eu preciso aprender a viver, sem suas loucas cenas de ciúmes!
             E a noite, a novela das oito quer saber onde você está? O sabonete deseja a sua pele, o chuveiro clama por algo que a revele. Noturna falta que você me faz. E quando tento dormir, meu travesseiro deixa escapar, que você não volta nunca mais!   

Texto adaptado do poema Barulhinho do café, de minha autoria.

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