sexta-feira, 16 de março de 2012

Despedida é feita de castelos de silêncio

Na foto: Fabiola Senna
                     

        Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de pequenas manifestações de vazio. Aquelas pequenas, mais angustiantes sensações que assolam nosso peito nas noites frias das madrugadas. Hoje eu me dei conta que uma despedida é adaga afiada cortando a carne da eternidade. Esta mesma adaga nos faz reféns do costume, de que tudo nesta vida é passageiro.
        Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de arrependimento tardio do tato. O mesmo arrependimento que causa o impulso involuntário da humilhação. Despedida é feita da ausência anterior de alguns atos e gestos: O ato de pedir perdão, o ato de ceder, o gesto de chorar quando se tem vontade e, o ato de pedir para ficar.  Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de castelos de silêncio. Castelos edificados pelas tantas conversas mudas que se tem durante o convívio.
       Hoje eu me dei conta que despedida é prima irmã do vento! Uma simples discussão passa de um copo d’água à tempestade, num piscar de olhos. Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de duas vias paradoxais. Uma via se chama incompreensão e a outra se chama orgulho. Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de frases copiadas dos pára-choques de caminhão.
      Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de retrospectivas, quase sempre dolorosas. Porque os bons e os maus momentos, na hora do adeus, machucam demais. Hoje eu me dei conta que uma despedida é feita de discurso repleto de monossílabos e palavras, outrora, consumidas em potes de conserva.  
     Hoje, só hoje eu me dei conta, que uma despedida e feita do caminhar sozinho.

6 comentários:

Renato Rodrigues disse...

André, hoje eu me dei conta que devemos estar sempre junto de nossos amigos e viver com eles cada infimo momento de alegria, ou, tristeza. Hoje eu me dei conta que na vida tudo passa, tudo muda e tudo se reconstrói...hoje eu me dei conta que somos meros andarilhos no tempo!

Excelente texto.

Anônimo disse...

Que texto ehn...
È difícil nos dá conta de que o inevitável, um dia se torna real!!
Que os sonhos criados em um momento de ilusão desfloresce como uma flor sacudida pelo vento!
È difícil nos dá conta de que as vezes realizar os sonhos é impossível! Que o choro agonizante no cair da noite, em um céu escuro se tornará eterno!E que no fim é preciso se contentar apenas com as batidas do coração...
A vida é feita de primaveras que aparecem todos os anos...mas tem uma que chega a perfumar de verdade todos os nossos dias...E nos resta REZAR para que esta estação não se vá pra sempre!

A tristeza constrói uma imortalidade ao coração...E os sonhos passam a representar a cor de uma paisagem pintada de pensamentos...No fim, a separação chega, se não tivermos a vera sensação de que certas pessoas nunca deverão sair de nossas vidas!

Adorei André

Sabrina Feliciano

Unknown disse...

Renato e Sabrina,
A vida faz sua parte, nos possibilita escolhas! cabe a cada um de nós, escolher!
ficar o partir!
Abraços,
André

Anônimo disse...

André,
Vc traduziu o que tuudo o que estou sentindo...eu ainda não consigo processar essa avalanche cruel que nos acometeu esta semana!!
Agora só resta a saudade e as boas lembranças!
Só que, na contra-mão dessas atrocidades, eu digo: Sou brasileira, mulher guerreira e não desisto nunca...espero que tenhas entendido o meu raciocínio.
Beijo,
Rita de Cássia

Anônimo disse...

E isso aí Rita...
Não desista Nuncaaaaa!!

Beijo

Sabrina Feliciano

Anônimo disse...

Sabrina....
Obrigada pelo incentivo!!!!
Beiijo,
Rita de Cássia