sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um tempo em que Lar, representava o sentido de Lar!

Meu cunhado Ribamar
Esse texto é em homenagem ao meu cunhado Ribamar, pelas nossas conversas nostálgicas!
                           


            Hoje ao sair para trabalhar, por volta das 05h15min da manhã. Observei a minha rua de ponta a ponta e uma chuva de perguntas caiu sobre minha cabeça: O que aconteceu com a minha antiga rua? Cadê aquela rua que me recebeu quando eu me mudei para cá? Cadê a minha antiga casa? Cadê a antiga casa do meu visinho? Hoje, só hoje eu me dei conta o quanto a nossa querida e pacata rua mudou! Não vejo mais aquelas casinhas aconchegantes, com muros feitos na medida certa para apoiarmos os cotovelos e passarmos o fim de tarde papeando com os visinhos e olhando as crianças brincarem.
           Para a tristeza do meu olhar, o que eu vejo agora, é uma rua que mais se parece com um corredor de alguma prisão de segurança máxima. Para tristeza do meu olhar, o que eu vejo agora é uma rua triste e vazia, uma rua ausente de alegria. Agora, só agora eu percebo que na semana passada eu e a minha esposa estávamos em uma casa de material de construção, com um vasto sorriso nas nossas faces e, a razão para tanta felicidade era a compra de um portão que fecharia toda a frente da nossa casa.
             Demorou, mas a minha ficha caiu, eu estava transformando minha casa em uma prisão! Uma vez que as janelas da minha casa já possuíam grandes de ferro maciço! Para todos os lados que eu olhasse, havia uma casa gradeada! Estética? Proteção? Medo? Lar? Destruíram a bela noção de sentido da palavra Lar!  A violência de forma arrebatadora invadiu nosso cotidiano, a sensação de insegurança é latente em todos.
             A violência desconfigura a nossa noção de cidade, de bairro, de quadra (no caso do DF) de conjunto, de rua, de casa e principalmente de família! Como se pode ter prazer dentro de um lar que mais se parece uma prisão? Ficamos a mercê do nosso medo, a TV nos mostra a toda hora, o crescimento da violência nas grandes cidades. Cenas que transformam aquele quadrado parabólico em um verdadeiro circo dos horrores!
            E quanto ao meu olhar? Bom, esse precisa não se acostumar com essa nova ordem mundial! Meu olhar precisa se manter indignado, precisa se manter saudoso a minha antiga rua, se manter saudoso aquele tempo em que podíamos sentar no banco da praça e apreciar casais de namorados fazendo planos para uma vida a dois. Um tempo em que podíamos nos deliciar com os gritos das crianças correndo mundo. Um tempo em que os visinhos compartilhavam de tudo. Um tempo que Lar representava o sentido de Lar!
           Com tamanha tristeza e após todas essas reflexões, caminhei para a parada de ônibus e outra pergunta veio à tona: quem está condenado à prisão perpetua: o marginal ou o cidadão de bem?     

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